Dois a zero, ouvi eu dos meus sempre informados colegas, na hora do almoço.
Mas já disse que não discuto futebol.
A história para hoje é outra.
Eu ainda não tinha completado quatro décadas de vida. Estávamos as três a jantar, em casa. As minhas filhas adolescentes e eu. Elas sentadas à minha frente, do outro lado da mesa.
Como gosto de as ouvir e de estimular a sua expressão de opiniões, não por ser uma mãe exemplar mas sim para me divertir à sua custa, iniciei uma conversa qualquer cujo tema exacto já me fugiu, apesar de não terem passado muitas primaveras desde então.
Provavelmente desatei a utilizar tipo isto e tipo aquilo: "Hoje tipo o meu dia foi tipo bom e tipo o vosso?"
E uma delas: "Ó mãe, não gozes, nós não dizemos tipo assim!"
"Ah não? Então tipo como é que dizem?"
"Sei lá, dizemos, pronto! Não dá para explicar!"
"Explicar", continuo eu a divertir-me, "ou tipo explicar?"
"Ó mãããããee!!!"
"Pronto, está bem. A mãe está velha e gorda!" rematei eu, nem sei porquê.
Dois pares de olhos bem abertos e sérios a fitarem-me, em jeito de avaliação. Os garfos pararam a meio dos trajectos verticais, um ia a subir o outro a descer.
Durou uns segundos, garanto.
Depois saiu o veredicto, sincero, claro:
"Gorda não estás!..."
Sem comentários:
Enviar um comentário