Está bronzeado, o meu sobrinho.
A sua tez apresenta uma penugem fina, branca, que contrasta
com o tom dourado escuro da sua pele.
Quando o vi pela manhã agarrei-lhe o queixo, virei-lhe a
cabeça, deixa a tia ver.
A luz brilhante do sol de Agosto tilinta como cristais mudos
na penugem que lhe cobre a face à sucapa e lhe desenha muito bem a raíz dos
cabelos castanhos.
Abracei-o, és tão lindo Diogo.
Ele sorri, não sabe o que dizer. Conhece bem os
meus abraços sufocantes, sabe que não os posso evitar. E faz-me o favor de não tentar
escapar.
Normalmente pergunto-lhe como vai a escola, mas agora, ah,
agora esta penugem que o sol pintou da cor da neve mandou-me engolir a
pergunta. Fiz-lhe outra. Então o que andas a ler?
Torceu-se um pouco, olhou de lado para o chão, não estou a
ler nada, agora são as férias.
Depois levantou a carinha bronzeada para mim e disse,
orgulhoso, mas já li dois livros do clube dos sete!
E eis que faz a declaração, os dentes enquadrados pelo
sorriso que me oferece, ainda demasiado grandes no seu rosto de menino. Tia,
vou ler um livro até ao fim do Verão!
É o abraço dele para mim.
Quando o acabares contas-me a história, prometes?
Ele prometeu.
E eu, enquanto espero, ponho a tocar o concerto de Mozart para
clarinete, aquele que costumo tomar contra a impaciência.
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