Parece um carrinho de brincar, de tão bonito que é.
Enquanto Erik faz o nosso barco deslizar pela água quieta do
canal, fico a vê-lo trabalhar a terra.
Desenha lenta e pacientemente uma serpentina apertada no
terreno, por forma a não deixar nada por fazer.
Ao progredir, o verde que lhe
fica para trás é de um tom diferente daquele que ainda está por calcorrear.
Como não nasci nestas terras, não me fica mal a pergunta. O
Erik respondeu, ele sabe.
O agricultor está a revirar a erva que cortou há dias. Para
que a camada de baixo fique agora por cima, a secar ao sol. A que esteve por
cima passa para baixo, já está seca, não se importa.
Daqui a um ou dois dias de sol, se o houver, esperemos que
sim, vai o agricultor recolher toda a erva, já seca. Junta-a depois num grande
monte que vai cobrir com um gigante lençol de plástico, para não deixar a chuva
entrar. E a erva fica a descansar o resto do verão.
A descansar, sim. Sem apodrecer. Porque o sol lhe levou a
água e com ela a hipótese de se instalar uma família muito grande de bactérias
a fazer das suas. Nem conto o resto, é terrível.
Quando o inverno chegar, o gado não pode alimentar-se nos
prados por causa do frio e da neve. Então, abrir-se-á o enorme plástico
protector e a erva sequinha do verão fará as delícias das vaquinhas.
Depois vem o leite, o iogurte e o queijo, já sabemos. E vem muito,
que o monte de erva vai durar até Abril.
Se eu fosse criança, pedia um tractor destes ao Pai Natal.
Como não sou, vou antes pedir à chuva que espere um
bocadinho e deixe a erva secar.
Para que, quando vier a neve, toda a gente tenha queijinho
por aqui.
E enquanto o saboreiam à lareira, as famílias holandesas planeiam
o próximo verão.
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