Principalmente das que se colhem em jogos de lençóis de algodão branco com florzinhas campestres bordadas na dobra, em jarras de vidro transparente a pedir um arranjo floral, candelabros destinados a casar com os cristais nas mesas de jantar ou em cabides de parede na forma de um home sweet home que me lembram o aroma de um bolo a sair do forno enquanto o fogo crepita na lareira. Não tanto os detergentes em garrafas de plástico de cores ofuscantes, embalagens de luvas de borracha, baldes e vassouras, aspiradores de mão que me admira ainda se venderem, uma vez que se avariam se não na primeira semana de uso, então é na segunda. Portanto volto atrás e viro para os cestos de vários tamanhos, ponho imensas coisas lá dentro sem mexer em nada, a imaginação faz isso e continuo ao longo das fileiras de chávenas de café e cafeteiras, depois as de chá, as almoçadeiras também estão e chego a tempo à zona dos serviços de mesa, cerâmicas encantadoras a maioria. Corro-as com os olhos, levanto a cabeça para a de topo mas antes do grande final temos que dizer uma coisa pertencente a este capítulo.
Descobri recentemente que duas donas de casa muito conceituadas cá para mim, uma dentro da minha família outra fora, não passam a ferro, não passam a ferro, lençóis com elásticos de abraçar colchões, daqueles põe-se e já está, estica-se com as mãos, não. Não passam. Ora eu que me debati tantos anos em lutas à beira de muitas gerações de tábuas de engomar contra esses lençóis especiais e as suas rugas infinitas, forças vivas, eu que a seguir corria a metê-los na gaveta para esquecer depressa a derrota, sou capaz de sentir agora uma espécie de alegria que me levou às pazes com a tábua de engomar em vigor. E isto convence-me facilmente a passeios em lojas de artigos para o lar em pleno território holandês, depois do que retomamos a emissão suspensa no parágrafo anterior e seguimos para o grande final.
Isto, precisamente. Relíquias lusas a encimar escaparates que se vêem já a seguir, não saia do seu lugar, enquanto passam duas nativas por mim, senhoras que aparentam muito uso destas coisas e eu oiço-as comentar em concordância absoluta: as cerâmicas portuguesas são lindas.
(foi vontade de variar dos gregos, se não fizer diferença)
E as mulheres também, Susana, tornam a vista alegre, como este texto tão bem escrito.
ResponderEliminarUm beijinho
Ah, Teresa... obrigada. :-)
EliminarNa Holanda vende-se muito cerâmica da nossa, desta e doutras marcas, estou sempre a encontrar.
Outro beijinho.
Permita-me juntar a minha voz (que anda por aí à solta como a sua, querida Susaninha) à das nativas daí. Não há vista mais alegre que a nossa!
ResponderEliminarUm beijinho
Querida Miss Smile, a sua voz solta-se muito bem e voa bem alto. :-)
EliminarSim, alegria é connosco, mas lá nos Países Baixos também a há.
Outro.
Susana,
ResponderEliminarGostei muito dessa viagem aparentemente doméstica até chegares às prateleiras da "Vista Alegre". É muito reconfortante ver lá fora o nosso património reconhecido, não é? Porque será que não o valorizamos na mesma medida? A história da galinha da vizinha...
Sabes que a CMG, uma fábrica de cerâmica de Torres Novas, produz maioritariamente para o mercado estrangeiro?
Beijos.
Vou procurar os produtos da CMG lá naquelas bandas, aposto que encontro. :-)
EliminarE de repente, no rádio, passarem Cristina Branco? O que eles gostam de fado!
Obrigada pelas tuas palavras. (gosto mais de te ter deste lado, o g+ é uma confusão...)
Beijos de volta.
Mas olha que eu continuo do outro lado e ponho lá coisas que podes ver;)))
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