Por um lado, vê-se perfeitamente que este blogue atingiu a
saturação, absorveu o seu público e estagnou, começou a escorrer pelas paredes
na forma de substância viscosa, um cansaço que dava para uma poesia negra que
eu não sei qual é, mas sei que falar do blogue é giro, liga as pessoas. Porém,
antes de lhe fazer um shifting ou um lifting, ainda não decidi, vou fazer o
meu jantar e mantenho vivo o bloguezinho.
Por outro lado, tem estado uma dourada embrulhada num saco
de plástico em cima da bancada da cozinha nas últimas horas a perder o frio que
trazia, completamente morta. Isto interesse ter não tem, mas que sabe bem
escrever, ai sabe.
Talvez não seja mal pensado acrescentar que ontem à noite fui a
Cascais e quando saí do carro deixei de ver onde punha os pés porque o meu
cabelo que não é lá muito curto, se meteu todo em frente da cara, dos olhos, enrolou-se
no pescoço que eu senti, o vento soprava muito forte e mudava de ideias em
termos de direção a tomar em cada segundo, portanto eu tive de segurar os meus
cabelos com as duas mãos para atravessar a estrada em segurança e ainda bem. Porque
consegui ver pelo canto superior do olho direito um caixote de papelão aberto
num dos lados, tipo pronto-a-usar-em-estando-quieto, a voar como se fosse um
caça acrobático em queda picada na minha direção, ao que baixei a cabeça num
instante para não ficar encaixotada em Cascais, o caixote arrastou-se depois,
perdedor, pelo alcatrão fora a mando do ventão que estava, eu com as mãos na
cabeça – aproveitei que já lá estavam a segurar o cabelo e disse valha-me deus
mantendo-as ali por ser bastante apropriado - e logo a seguir o caixote tentou
fazer-se a um carro que travou a fundo à boca do malandro, posso dizer quase
entrou dentro dele, havia de ser um carro encaixotado em Cascais e falta só dizer que não era
propriamente um carro enorme.
Acho muito bem a saturação do blogue. Dá-lhe uma certa graça e diferença, um travo especial que não é a queimado nem a requentado e portanto pode ser um bom sabor. Refinado. Quem sabe...
ResponderEliminarObrigada, bea... não tinha visto por esse prisma.
EliminarQuem sabe, de facto... (talvez um dia os blogues tenham sabor)
E como é que alguém que assim escreve se atreve a pensar que os blogues não sabem nem cheiram...
EliminarÉ só a tecnologia esticar-se mais um bocadinho para as maluquices a que já hoje se dedica e os bloggers farão sardinhadas virtuais em junho e coisas assim :-))
EliminarMas o que eu queria dizer mesmo era isto: obrigada, bea.
Agora o que mais interessa é saber se a dourada te soube bem e se estás menos saturada. :)
ResponderEliminarMinha querida Pseudo, a dourada estava mesmo au point. Eu gosto muito de peixinhos.
Eliminar:-)
Espero que não tenha sido a dourada a comer-te. Ela não saberia manter o blogue. :)))
ResponderEliminarBeijos, Susana :)
A dourada nem tentou. Eu podia dizer que não sou apetitosa mas, para além de não se enquadrar no meu habitual registo nada sexy, a verdade é que nem me lembrei de lhe perguntar. :-)
EliminarPortanto sobro eu para manter o blogue.
Beijinhos, Maria. :-)
mesmo quando descreves como atravessas a rua, vale a pena começar o dia a ler-te, ou acabá-lo, se não tiver tempo de manhã :)
ResponderEliminareu li este teu comentário pela manhã, ainda antes de sair de casa e levei-o para o saborear pelo dia fora, e já sabia que não ia conseguir responder-te à altura.
EliminarFico tão satisfeita que me digas isso, ana.
Ah, a saturação dos blogs. Tenho o meu desde o final do verão passado e já começo a sentir o cansaço. Quem disse que isto era fácil, ahn?
ResponderEliminarNinguém. Não é fácil, pois não, mas, querida Nádia, o teu blogue é daqueles de rasgar o mercado, de arrasar, de crescer e ficar bem grande (aliás já está). E tu se gostas dele, continua, eu - não estando muito dentro do teu público alvo (sou uma velhota, percebes?), achei-o logo um blogue ganhador e já lá passei uns momentos fresquinhos de leitura agradável. Continua, é o que te digo.
EliminarE sejas bem-vinda, gosto de te ver aqui.
Um beijinho.
Este blogue até pode estar saturado, mas eu não estou saturada deste blogue. Hoje saio daqui muito contente, com uma espinha de dourada, perdão, com a espinha dourada.
ResponderEliminarTem um bom dia, Susana. Um beijinho. :)
Teresa, entro assim já a dizer-te que o teu conto que só hoje li - o do cemitério - me arrasou. Achei-o digno de um top de vendas. Sabes o que me apeteceu? pedir-te para o desenvolveres, o tornares mais longo, lhe acrescentares mais história. Adorei. (e não comentei lá e comento aqui porque estive a trabalhar até agora e quando o li não soube logo como comentar - sou requentada, por vezes)
EliminarTu és dourada na espinha e na luz que deitas à blogosfera, querida Teresa. Tu é que nunca saturas.
Um abraço daqueles bem horrorosos. :-)
Susana, quero agradecer-te muito por vários motivos. Primeiro porque leste o conto, o que para mim já é causa de alegria, depois pelas palavras tão elogiosas que nem sei o que fazer com elas!... Eu tenho continuado a trabalhar nesse texto desde que o publiquei, mas mais na forma, na luz, no som, nos silêncios. Verei o que consigo fazer para o melhorar, já que o publiquei ainda em esqueleto [(dado que é sobre um cemitério pareceu-me bem usar a palavra esqueleto :)]
EliminarQuerida Susana, para mim és genial, é isso. Tenho um respeito enorme pelo teu trabalho e por ti como pessoa. Venho aqui sempre, e saio sempre enriquecida. E a blogosfera é enorme, não é verdade? A mim parece-me que este blogue está em franca expansão.
Um abraço apertado (lá desses), que eu gosto muito. :)
Nada há a agradecer, minha querida Teresa. Eu li o teu conto por prazer, comecei a lê-lo e fui deslizando poe ele abaixo, sentindo-me envolvida, imaginando o cenário no Alentejo (tu não mencionas o local, acho, mas eu coloquei tudo no Alentejo) e no fim apetecia-me ler mais, continuar, daí ter escrito o que escrevi ali em cima. E mantenho, acho que o teu conto quer crescer. :-)
EliminarE muito obrigada pelas tuas palavras, Teresa. (li-as dentro do avião antes de desligar o telefone e levei-as comigo no voo)
Sim, esse abraço lá desses, todo muito horrorozinho. :-)
Há pouco tempo, só tinha pessoas com quem gostava de conversar ao perto, depois um dia deu-me para ver como era isto dos blogs e descobri que também existem pessoas com quem gosto de conversar à distância e então penso que todos os temas servem para servir o interesse que é o gosto de com elas conversar e para isso também todos os pretextos são bons, os cabelos que tiveram de segurar, o caixote que quase as encaixotou, a dourada que comeram e depois, uma pessoa assim aqui, a deixar um comentário, que é o mesmo que dizer a conversar, sem saturação nenhuma (e a voltar a pensar que o lixo não é lugar para conversas que apetece ter)
ResponderEliminarDespeço-me de ti com beijinhos, e claro, contente por saber que vamos voltar a conversar :-)
E eu há muitos anos quando aprendi a palavra tertúlia, apaixonei-me pelo conceito e quis muito pertencer a uma. Cero dia estava a conversar com um cavalheiro que podia ser praticamente meu avô e era meu amigo, que pertencia a uma tertúlia relacionada com o Eça de Queiroz, coisa muito distinta, e eu comecei a fazer-me, mesmo sem me aperceber, mas ele, quando viu que eu já me estava a querer enfiar na tal tertúlia, disse muito depressa que se tratava de assunto só para cavalheiros.... bem, depois tentei eu criar uma, ainda começou a dar os primeiros passos, mas perdeu o fôlego depressa, as pessoas nos dias que correm ou são reformadas ou estão muito ocupadas (e mesmo as reformadas...).
EliminarTambém eu gosto muito de conversar. :-)
Obrigada pelo teu comentário, querida Cláudia.
É oficialmente um vírus, isto da saturação.
ResponderEliminarCompletamente, Cuca. Já tentei com o produto contra o pulgão das orquídeas mas não funcionou. Vou passar ao diapasão, sei lá, pode ser que o vírus não goste de vibrações afinadas... (lembrei-me do diapasão por causa do teu piano)
Eliminar:-)
Concordo com a Cuca!
ResponderEliminarE o meu também se queixa...
Beijinhos Susaninha e não faças shifting
Mafy!! Ainda há dias pensei que seria feito de ti.
EliminarO teu blogue é um blogue voador, se lhe deres gás às asas ele deixa de se queixar.
Não, shifting não faço, prometo (até porque não sei o que é um shifting de blogues, estava à espera que viesse aqui alguém explicar... :-))
Beijinhos de volta.
POis... a saturação também anda por aqui. Ainda se soubesse a dourada grelhada, mas não, isto da saturação sabe mesmo a sopa requintada. Há que fazer uma sopa nova e fresquinha acompanhada de uma dourada au point, tal como a tua :))
ResponderEliminarMas querida GM, antes sopa requintada que sopa requentada :-)))
EliminarE desculpa lá, tu e as tuas aventuras (admiráveis!) em duas rodas são tudo menos atreitas à saturação!
Um beijinho e um abraço (apertado).