Ontem arranjei a
desculpa de ser dia da criança, deixei o trabalho sossegadinho sem ninguém a
fazê-lo, peguei nas minhas, que
de crianças já têm pouco, e levei-as à Feira do Livro. Parece que ali o ar até
se respirava melhor. Mesmo quando, ao sair do parque de estacionamento
subterrâneo, desembocámos na casinha alegre das farturas, o ar estava tão bom de se
respirar; enchi o peito todinho dele sem me fartar (ai). Já a noite caía ali pelo Parque abaixo e nós antes pelo Parque acima, eu digo: é esta a minha festa. Não é festivais não é pulos não é
barulho, é Feira do Livro.
Durante a subida, que foi sendo lenta, um para-arranca todo voluntário, mãe olha aqui e mãe olha ali, isto a passo de caracol vai-se fazendo por entre as pessoas, somos convivas da mesma festa. Pedaços de conversas pelo ar, ouvem-se nomes de autores, soltam-se títulos de livros, a minha irmã é doida pelo Eça, ouvi a um rapaz, eu quando gosto de um autor leio-lhe os livros todos, ouvi a um senhor.
Durante a subida, que foi sendo lenta, um para-arranca todo voluntário, mãe olha aqui e mãe olha ali, isto a passo de caracol vai-se fazendo por entre as pessoas, somos convivas da mesma festa. Pedaços de conversas pelo ar, ouvem-se nomes de autores, soltam-se títulos de livros, a minha irmã é doida pelo Eça, ouvi a um rapaz, eu quando gosto de um autor leio-lhe os livros todos, ouvi a um senhor.
E ouvimos cantar. Quem lá vem é uma mini-menina, sobe a calçada a cantar. Traz uma coroa de cartolina na cabeça e, a plenos pulmões, entoa cantiga desconhecida para mim, à qual as minhas filhas prontamente se juntam, lá lá não sei quê, lá lá não sei quê, mas que canção é essa? é do Frozen, mãe, lá lá não sei quê. A mini-menina da coroa passa agora por nós, ouve-se ainda mais alto a cantoria, as minhas filhas também, eu estranho mas elas não e cantam e cantam. Pela mão leva a cachopinha duas pessoas grandes da sua família, lá lá não sei quê. Os restantes familiares, que não são poucos, caminham atrás e riem-se daquilo, toda a gente suspensa a olhar a miúda, uns de livros na mão outros de mão nos livros. A Feira parecia parar em onda, tipo jogo no estádio de futebol mas aqui tão perto, a ver a banda passar, até me lembrei do Chico. Ai esta miúda, ai valha-me deus, diziam as senhoras que a seguiam, o corso encabeçado pela mini-cantora, até vou dizer mini-soprano, já disse, ia abrindo caminho. Lá lá não sei quê mais umas vezes até se começarem a sumir os acordes por ali acima e, aos poucos, as gentes retomaram os livros e o bruaá tornou a instalar-se. Ora eu, que cantar não cantei, trouxe a música no coração.
Mas também trouxe livros. Entre eles um novo autor, aliás autora: Hélia Correia. Como isto é uma espécie de juntar um novo membro à família, pus-me logo a lê-la mal escorreguei entre os lençóis. Gostei, ai se gostei, caramba, a Feira do Livro é uma festa que continua.
Adoro ouvir gente a cantarolar à minha volta, é um sinal de felicidade. Eu falo comigo mesma enquanto faço as minhas coisas, e canto... ou melhor assassino músicas. Sabe bem momentos felizes, esse foi um dos teus.
ResponderEliminarÉ inteiramente verdade o que dizes, AC. Lembro-me de uma vez estar muito farta do trânsito, nesse tempo eu vivia horas dentro do carro, e a minha filha mais nova, tinha uns quatro anos ou cinco, diz-me assim, canta, mãe, canta. Eu cantei e a fúria passou. :-)
EliminarGosto tanto de te ver aqui, querida AC.
(ia perguntar-te onde se "vende" essa felicidade, para ir lá ir pedir meio quilo. há dias que me faz tanta falta. depois lembro-me que tens duas meninas e percebo tudo :)
ResponderEliminarquerida flor, esse comentário podia perfeitamente pôr-me a dissertar, de tanto que há a dizer sobre esse tema, tanto que te podia eu dizer. sim, as minhas duas filhas são uma fonte de muito mais que felicidade, mas... xiiiii.... fica tanto por dizer, querida flor... desculpa. este meio aqui é limitado.
Eliminar(e não foi fácil responder-te ao comentário, fiz umas 3 respostas diferentes, ficou esta, manca, incompleta, pobre, escrita e reescrita)
:-)
E a tua escrita, querida Susana, tem o dom de nos fazer sair daqui com música no coração. É tão bom ler-te!
ResponderEliminarUm beijinho, lá, lá :)
Minha querida Miss Smile, esse teu coração é que tem sempre lugar para a música. É tão bom ter-te a fazer parte deste blogue!
EliminarOutro beijinho, lá lá lá. :-)
Susana, canta agora comigo, vá lá! Pelo menos só o refrão:
ResponderEliminar"já passou, já passou
não vivo mais com temor
já passou, já passou
fecha a porta por favor
tanto faz o que vão dizer
venha a tempestade
o frio nunca me fará estremecer"
Um excelente fim de semana :-)
Cláudia, tu sabes essa canção???
Eliminareu cantava, ai cantava, mas já não me lembro da música...
Um fim de semana cheio de música e alegria no coração, Cláudia. :-)
Tão bom. Até a mim me apeteceu cantar. Beijinho :)
ResponderEliminarE eu começo a ter vontade de convidar toda a gente desse lado a vir aqui cantar em conjunto, fazíamos um "we are the bloggers" e depois as receitas iam todas para uma causa boa, dessas causas que todos queremos ver resolvidas. :-)
EliminarUm beijinho, GM.
Este ano ainda não fui cantarolar para a Feira do Livro, fico aqui um bocadinho nesta festa, a subir o parque com a tua música no coração.
ResponderEliminarUm beijinho, querida Susana. :)
Teresa, bem que tenho achado a Feira do Livro meio vazia...
Eliminar:-)
É que de facto as crianças que vejo lá no parque parecem-me regra geral diferentes das que vejo, por exemplo, no supermercado. Parecem mais tranquilas, mais concentradas, mais felizes. Ou então sou eu a sonhar. :-)
Querida Teresa, outro beijinho.