É sexta feira.
Em termos da chegada ao fim foi a semana primeiro, esta semana, e só depois, mas por pouco, a minha energia. Estou a raiar a exaustão.
De tal maneira foi o empreendimento em trabalho, que hoje larguei a teoria dos buracos negros e lancei-me numa de cometer loucuras ao almoço para angariar fundos de maneio em calorias antes de me fazer à tarde. Loucuras, dizia eu, a saber: comer uma pizza, olhe era uma pizza se faz favor, beber coca-cola, uma coca-cola das normais, nem light nem zero (nunca experimentei a zero, não sei como se bebem trezentos e trinta mililitros de ar), acabar com uma tremenda mousse de chocolate e depois traga a conta, traz?
A minha intenção para a retoma de forças era esta, mas eis que ao aproximar-me da porta do restaurante sou informada.
- Se é para pizzas, há vinte e cinco à sua frente. Vai demorar.
Eu que sempre quis estar numa fila de vinte e cinco pizzas, hoje logo é dia em que não vem nada a calhar.
- Não faz mal, come-se outra coisa.
Para melhor usufruir da angariação de energias renováveis, acho que se pode dizer assim, renováveis, arrastei um dos meus rebentos neste projecto, que isto foi mesmo um projecto.
- Somos duas, pode ser à janela?
Podia. Havia uma mesa à janela que não tinha sido tomada por nenhuma das vinte e cinco pizzas.
Muitas vezes exagero quando conto as histórias que escrevo aqui, mas desta vez eram mesmo vinte e cinco pizzas.
Sentámo-nos. De frente para a minha filha, estou em posição de lhe admirar as linhas do rosto, o cabelo, os olhos redondos, as pestanas que parecem provocar ventanias quando se movem, de a ver concentrar-se na ementa, não nas pizzas, como é possível ela ser tão linda?! Levantou os olhos para mim quando decidiu o que comer.
- Ó mãe, pára de me olhar assim!
- Assim como?
- Tu sabes como! Quero cannelloni de espinafres - e fechou a ementa.
Vieram as latas de coca-cola, agora as latas são altas e esguias. Vieram as massas.
- Fixe, olha aqui, o treinador! O médio-centro! Vou levar estas latas para fazer colecção. São giras, assim mais finas!
- Deve ter havido um motivo para isto - digo eu. Com certeza este novo design alto e esguio foi concebido para transmitir uma mensagem subliminar, das que entra no subconsciente, entendes?, as pessoas nem se apercebem.
- Achas?! - a minha filha pega na lata e roda-a na mão, olhando-a com atenção, inclina a cabeça ligeiramente.
- Acho. Até aposto que é para reconquistar as pessoas que fugiram para a alimentação saudável, apresentando-lhes agora uma lata "elegante". Beba, que isto já não engorda!
- Como nós.
- Como nós, bem, nós não vamos abandonar a alimentação saudável, sabes disso.
- Sim, mãe. Só quando cometemos loucuras, não é?! A mousse, vamos dividir ou vais pedir duas?
- Duas mousses por favor. E a conta.
(a foto tirei-a para provar que não estou a exagerar quando digo que são vinte e cinco pizzas à nossa frente)
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